As queixas da Fibromialgia não são “imaginárias”



No dia 12 de maio foi instituída uma data específica para a conscientização da Fibromialgia, doença caracterizada por queixas de dores musculoesquelética difusas e persistentes. Imagine: além de conviver com dores crônicas e fadiga, o paciente ainda preciso driblar o preconceito de quem acha que seu sofrimento é imaginário.

Muitas vezes desacreditados por não possuir outros sintomas aparentes, o paciente sofre preconceito de familiares, amigos ou por colegas de trabalho o que é, além de tudo, um gatilho para quadros depressivos, ansiedade, deficiência de memória e desatenção. Estudos clínicos, inclusive, apontam o aumento de estresse na vida dessas pessoas, inclusive se multiplicando na pandemia.

A fibromialgia é uma doença que envolve, entre outras coisas, uma alteração nos centros do cérebro de percepção dolorosa. O paciente possui, portanto, uma sensação aumentada à dor. Embora hoje possa ser tratada por especialidades como reumatologia e medicina da dor, ela é um problema de origem neurológica.

Estima-se que a doença acometa em torno de 150 milhões de pessoas no mundo, incidindo principalmente em mulheres, entre 35 e 44 anos, e sedentárias. Os homens, no entanto, também podem ter a condição. No Brasil, cerca de 4,8 milhões de pessoas possuem Fibromialgia, mas apenas 2,5% dos pacientes recebem tratamento adequado.

Entre os principais sintomas estãodores musculares fortes em diferentes regiões do corpo, além de fadiga crônica, sensação de formigamento nas mãos e nos pés, enxaqueca, rigidez muscular, dor após qualquer esforço físico e anormalidades no sono. Pesquisas também indicam os efeitos à saúde mental da doença, inclusive questões acentuadas durante a pandemia e o isolamento social. Uma vez que são similares aos de outras doenças, como tendinite, ou à prática inadequada e intensa de exercícios, a fibromialgia nem sempre é diagnosticada e tratada como o esperado.

Embora ainda não tenha cura, há tratamentos promissores para controlar os sintomas da fibromialgia. Alongamentos, exercícios físicos de baixa intensidade e o uso de medicações apropriadas, como os analgésicos, por exemplo, são opções eficazes, bem como a acupuntura. Mas o ideal é procurar ajuda médica para obter um tratamento personalizado e condizente com as necessidades de cada paciente.

No mês de maio, vale reforçar mais uma vez que a fibromialgia existe e, quem conta com esta condição delicada, merece ser tratado com respeito.

Por Marcelo Valadares, neurocirurgião, médico da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Hospital Israelita Albert Einstein

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