A Polícia Federal encabeçou na sexta-feira (9) uma operação que prendeu 34 pessoas e apreendeu um fuzil, em desarticulação do braço financeiro – responsável por organizar esquemas de lavagem de dinheiro – do PCC, facção criminosa que age fora e dentro de presídios. As diligências aconteceram em 20 cidades do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo. No Estado paulista, ocorreram em quatro municípios, entre eles Embu das Artes.
A “Operação Caixa Forte”, com a participação de cerca de 250 agentes públicos, teve expedidos 52 mandados de prisão preventiva, 48 de busca e apreensão e 45 de bloqueio de contas bancárias. Os presos são suspeitos de crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e associação criminosa. Apenas referente aos alvos de mandados da sexta, a movimentação financeira foi de mais de R$ 7 milhões nos últimos nove meses. O fuzil foi encontrado em Curitiba.
Os mandados foram cumpridos em Uberaba (MG), Conceição das Alagoas (MG), na capital Campo Grande (MS), Corumbá (MS), na capital de São Paulo (SP), Ribeirão Preto (SP), Itaquaquecetuba (SP) e Embu, e em doze cidades paranaenses, na capital Curitiba, Londrina, São José dos Pinhais, Almirante Tamandaré, Colombo, Goioerê, Fazenda Rio Grande, Mandirituba, Matinhos, Paranaguá, Pinhais e Piraquara. Somente no Paraná, foram 20 suspeitos presos.
Coordenada pela PF em Minas, a operação é fruto de uma investigação iniciada em novembro do ano passado pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco). Segundo as investigações, o dinheiro movimentado pelo braço financeiro da facção é originário do tráfico de drogas. Ele era transferido entre contas bancárias de forma fracionada para não acionar dispositivos de vigilância do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Pessoas aparentemente sem vínculo com o PCC, mas próximas a membros da organização criminosa, pais, mães ou cônjuges, abriam e movimentavam as contas bancárias em nome próprio, viabilizando a lavagem de dinheiro. Foram identificadas 45 contas, todas bloqueadas e com valores sequestrados judicialmente. As apurações começaram a partir da apreensão do celular de um membro do grupo criminoso, em agosto do ano passado, em Belo Horizonte.
O aparelho continha uma série de trocas de mensagens com outros criminosos. Assim, os agentes destrincharam a organização financeira da facção, identificando o responsável pela contabilidade do tráfico de drogas do PCC. O homem, que está preso há cerca de três anos na penitenciária de Piraquara (PR), foi identificado como mentor da batizada “Geral do Progresso”, setor da facção responsável por contabilizar e lavar o dinheiro do tráfico de drogas.
O membro da organização fazia o controle das movimentações financeiras, recebendo, organizando e separando as informações por regiões do país, Estados, quantidades, datas, fornecedores, devedores, recebimentos, lucro e fazendo o fechamento semanal e mensal dos depósitos bancários. Também enviava, por meio de mensagens de celular, os números das contas bancárias que deveriam ser utilizadas para a movimentação do dinheiro do tráfico.
O valor das 45 contas usadas, R$ 7 milhões em nove meses, é pequeno comparado aos R$ 5 milhões movimentados só com cocaína, por semana. Porém, a estratégia é combater o tráfico de drogas e as organizações criminosas não só pelas apreensões de entorpecentes e prisões de traficantes, mas principalmente pela descapitalização das facções pela identificação dos responsáveis pela lavagem de dinheiro, bloqueio de suas contas e sequestro de seus bens.
A operação da Polícia Federal foi a segunda na semana que mirou a “tesouraria” da organização criminosa. Na terça-feira (6), os agentes federais prenderam 28 pessoas em 23 municípios de sete Estados, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Acre, Roraima e Pernambuco. Nesta operação, 418 contas bancárias foram bloqueadas. Segundo os investigadores, cerca de R$ 1 milhão por mês circulavam nas contas mantidas pela facção criminosa.
Ainda de acordo com a PF, o dinheiro arrecadado era utilizado para a compra de armas e drogas e bancar transporte e estadia de familiares dos presos próximo aos presídios onde os membros do grupo estão detidos. Na operação na sexta-feira, dos 52 mandados de prisão, seis dos alvos já estavam presos, 34 foram encontrados e 12 continuam foragidos. A operação estima que, ao todo, a organização criminosa reúna mais de 23 mil criminosos em todo o país.
ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes